terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

CAU/BR homenageia Severiano Porto

Severiano Porto, 85 anos
CAU/BR homenageia o profissional que se dedicou a buscar uma Arquitetura verdadeiramente regional


No dia 19 de fevereiro, o arquiteto e urbanista Severiano Mario Porto completa 85 anos. Conhecido como “arquiteto da Amazônia”, ele foi responsável por grandes projetos nas décadas de 1960 e 1970, como a sede da Petrobrás e o campus da Universidade da Amazônia. Desde aquela época, Severiano já empregava conceitos de arquitetura sustentável mesmo antes de o conceito ganhar popularidade, considerando as necessidades e circunstâncias de cada região – no caso, a Amazônia, onde morou e trabalhou por 36 anos.


“Foi observando o pessoal nativo – os seringueiros, para mim, gigantes que cruzam a floresta amazônica a pé e passam meses embrenhados na mata, levando uma bagagem mínima, enfrentando toda sorte de problemas até grande onças que a gente pode encontrar mesmo perto de Manaus – que aprendi sobre o fazer regional”, disse o arquiteto. A vivência no Amazonas começou com um convite do governador Arthur Reis para projetar a Assembleia Legislativa do Estado. Embora esse projeto não tenha sido construído, ele ainda projetou no Amazonas o campus da Universidade Federal do Amazonas, o Estádio Vivaldo Lima, O Centro de Preservação Ambiental de Balbina e as sedes da Superintendência da Zona Franca, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e do Fórum de Justiça Enoch Reis.


Sua própria casa era um exemplo claro de sua preocupação em fazer uma Arquitetura que estivesse de acordo com o clima, a cultura e os materiais disponveis da região. Ele construiu uma casa de madeira junto a um igarapé, conforme o costume do povo local. A mistura do projeto convencional com as técnicas e materiais do homem local o levou a revolucionar a arquitetura amazônica, até então uma cópia de tudo o que era feito no resto do mundo, sem preocupação em adequação ao contexto.

Suas obras foram diversas vezes premiadas pelo IAB, como o Restaurante Chapéu de Palha (1967), a sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus (1974), a Casa Schuster (1978), a Pousada da Ilha de Silves (1982), o campus da Universidade da Amazônia e o Centro de Proteção Ambiental Balbina (1987). Recebeu ainda o Colar de Ouro do IAB e o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O IAB-AM pretende iniciar um levantamento das obras de Severiano Porto para futuramente propor o tombamento de algumas delas como patrimônio arquitetônico do Amazonas. Entre essas obras, o Centro de Preservação de Balbina, no município de Presidente Figueiredo, que se encontra em estado de completo abandono. Em forma de maloca indígena e toda coberto de cavacos (lascas de madeira), o Centro foi construído em 1987 para sediar trabalho de impactos ambientais causados pela Usina Hidrelétrica de Balbina, mas sua função nunca foi adiante.

Como disse Lucio Costa, “Severiano não só fez e atualizou a boa arquitetura no país como não se esqueceu tampouco que o próprio objetivo da arquitetura não se restringe à proteção física, mas oferecer um quadro às ações e às estruturas sociais e representar e ser, ela própria, uma cultura”.


Feliz aniversário, Severiano!!


VEJA O ESPECIAL SOBRE SEVERIANO PORTO:

Severiano Porto: o arquiteto por ele mesmo.

Severiano Porto: o arquiteto como poeta. (artigo de Roger Abrahim)

Severiano Porto, um mago arquitetural! (Artigo de Roberto Moita)

O compromisso com o ofício. (Artigo de Marcelo Borborema Correia)

Severiano Porto: a visão amazônica da arquitetura moderna brasileira. (Artigo de Vicente Wissenbach)